- ele faz as
coisas de que gosta e anda com os amigos dele…
- eu já
estou habituada a estar sozinha…
- vamos separar-nos
E lá vai
outro casamento pró brejo. Praticamente 27 anos de vida em comum assim
relatados de forma corriqueira, sem emoção, como quem conversa sobre ter
decidido que vai mudar a cor das paredes da casa – aliás, este projecto gerava mais
entusiasmo, de certezinha!
E vai de
contar aos pais e à irmã (que nem percebeu) logo pelo telefone que assim já fica dito e
despachado
Não há
emoção ao constatar que apenas são amigos (sê-lo-ão? – questiono-me se até isso
existe) ou já estranhos e que não merece a pena a partilha da cama, da casa e
das famílias. Já tudo era rotina ou mesmo frete!
Surgiu um catalisador,
uma pedra na engrenagem da rotina tão oleada e a correr tão automaticamente por
si só que deu azo ao constatar de que assim não vale a pena. Talvez este
esquema de vida durasse uns anitos mais… mas assim, enfrentaram a realidade e
decidiram.
Quando se
cresce divergente ou em paralelo o afastamento já não causa mossa. Foram muitos
dias e dias que se tornaram semanas e transformaram em anos sem nada em comum,
com pouco a dizerem-se e nada a uni-los. Sem se tocarem, em paralelo
… … …
O meu
complicódromo começa a pensar
- Coerência…
o que é isso? Há tantos casamentos de amizade e vidas justapostas– que não se
tocam, em paralelo. Coerência é estar casado com amor e separar-se se já não
existe? E o que é o amor depois de 27 anos em comum? Como se descreve esse
amor? Muito subjectivo …
A contiguidade
da vida não é desejada por aqueles que têm independência económica, pelos que
não sofrem de solidão porque são unos consigo próprios, pelos que anseiam mais:
amor, paixão, sintonia partilha, realização, etc, etc
Parabéns
pelo quebrar da rotina, pela coerência, pela coragem também. Avançar para fora
da zona de conforto mas de coerência só pode dar bom resultado
(…por quê tanto desejo/necessidade de coerência?! Por que é importante estar-se bem
consigo mesmo ?... reflexão para outro dia)
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